A Arquitectura "Cubista"
Notícia saída em Dezembro de 2007 sobre Olhão
Olhão é uma localidade recente, onde no séc. XVIII ainda abundavam as barracas (só em 1715 permitiram a construção da primeira habitação em alvenaria) e, por isso, não tem edifícios muito antigos nem de grande valor patrimonial.
No entanto, o conjunto "cubista" pela sua originalidade histórica - não foi herança da ocupação árabe - e pela sua originalidade estética, tem um grande valor patrimonial.
A arquitectura "cubista" foram termos encontrados para definir as típicas casas de Olhão, atendendo ao aspecto de aglomerados cúbicos mais ou menos organizado ou caótico que as suas casas assumem nos bairros mais populares, com especial destaque para os núcleos iniciais de Olhão: o Bairro da Barreta e o Bairro do Levante.
Segundo alguns(1) teria sido Roberto Nobre (pintor e jornalista, nascido em S. Brás de Alportel em 1903, mas a viver em Olhão desde novo) que se lembrou de chamar a Olhão, "Vila Cubista", pela semelhança em relação à localidade de Ebro, pintada várias vezes por Picasso (criador do movimento artístico do Cubismo). Segundo outros(2), teria sido um seu amigo e também intelectual e pintor são-brasense a viver em Olhão - José Dias Sancho (genro de João Lúcio) - o inventor do termo. De facto pertence a José Dias Sancho a primeira referência escrita sobre o assunto - o conto Olhão, vila cubista, inserido no seu livro Deus Pan, publicado em 1925. Mas também é possível que tenha sido Francisco Fernandes Lopes a inventar estes termos, tal como refere uma referência de Alberto Iria datada de 1936(3). Mesmo que não se deva esta invenção a Francisco Fernandes Lopes foi seguramente este médico que publicitou o epíteto até à década de 1960, tornando-o conhecido para o mundo.
Actualmente, o valor patrimonial destas casinhas "cubistas", pela sua originalidade, pode tornar-se num valor económico, caso seja convenientemente mantido e "vendido" ao mercado global do turismo onde, cada vez mais, existe clientela culta que quer algo de original, e não se contenta apenas com uma praia...
Esta é a mensagem que um pintor inglês actualmente a residir em Olhão - Piers de Laszlo - dá quando investe na reconstrução de casas em Olhão e as aluga a turistas diferenciados!
Esta é também a mensagem de Francisco Fernandes Lopes que, na primeira metade do séc. XX fazia de cicerone a tantos estrangeiros cultos que aqui o vinham visitar, e mostrava a sua terra, a vila "cubista", a mais mourisca da Europa, como ele dizia, com as suas açoteias, mirantes e pangaios, que só existiam no norte de África e em Olhão.
Também foi Francisco Fernandes Lopes que descreveu melhor o que era o "cubismo" no texto que expomos como introdução ao tema. Seguidamente disponibilizamos a descrição individualizada de alguns edifícios, baseado em trabalho de Andreia Jubilot.
- Capela da Nossa Senhora da Soledade
- Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário
- Casa Dr. Bernardino da Silva
- Compromisso Marítimo
- Casas da Barreta
- Alfândega
- Hospital da Nossa Senhora da Conceição
- Fábricas de conservas e subsidiárias da pesca
- Mercados Municipais
- Casas do século XX
- Estação Ferroviária
- Palácio da Justiça
- Casa Dr. Carlos Fuzeta
- Casa Baeta
- Vivenda Vitória
- Rua do Comércio
(1) Neto, Teodomiro - Olhão, porque lhe chamaram de "Vila Cubista"? - in o jornal "O Algarve", 16 de Novembro de 2006.
(2) Mesquita, José Carlos Vilhena - História da Imprensa do Algarve - Faro, Comissão de Coordenação da Região do Algarve, Volume 2, p.146, 1989.
(3) Iria, Alberto - Do Algarve ao Brasil no caíque de pesca "Bom Sucesso" em 1808: um episódio à margem da Guerra Peninsular (excerto de uma tese) - Lisboa, p.27, 1936.