Mercados
Em 1866 nasce o primeiro mercado coberto para venda de peixe no cais, frente à zona da Barreta (zona do núcleo histórico onde se implantaram as primeiras edificações de Olhão), construído por João Batista Pepe, oficial de Pedreiro da vila. Em 1871 cria-se um mercado diário de frutas, hortaliças e frutos secos, ao ar livre, entre o lado Norte da Igreja Matriz e o então Hotel Franco-Português, e em 1899 nasce um mercado mensal de gado e um mercado semanal de cereais, farinhas, legumes e frutos secos. |
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Estes antigos mercados terminaram só em 1917, depois de completada a edificação dos actuais Mercados, que tiveram início no dia 5 de Outubro de 1912 e foram inaugurados em 1 de Maio de 1916, durante a presidência municipal de Diogo Cristina, em frente à principal praia da vila, sendo o grande orgulho dos olhanenses. O plano foi da responsabilidade do farense José Lopes do Rosário. Os edifícios, um para o peixe outro para as verduras, foram construídos em terreno já então roubado à Ria, à Praia do Canal de Olhão, e para dar consolidação à construção recorreu-se a “forma particular e curiosa, na medida em cada uma delas está apoiada em 88 estacas ligadas entre si por arcos de alvenaria de tijolo. O processo de fixação das estacas foi de tal forma avançado para a época que ficou na memória da população.” Ainda hoje se chama ao local o Bate-Estacas!
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Os dois mercados cobertos eram compostos por: um telhado de zinco com quatro águas seguidas de abas orientalizadas, o telhado assenta numa sucessão de vigas transversais em perfilado leve de feno, aspecto que pertence à época da arquitectura de ferro, altura em que eram essenciais os perfilados deste metal; utilizaram-se os tijolos vermelhos que se arredondam nos cantos, quebrando a rigidez rectilínea; tem portões pretos com a metade superior encaracolada entre os caixilhos; nos cantos elevam-se torreões envidraçados, cilíndricos, de cúpulas metálicas esféricas, com pára-raios espetados nos vértices. |
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Com estas obras o aspecto exterior não foi muito alterado do original, mudando essencialmente as portas que eram de madeira e actualmente são de ferro e os candeeiros. Em 1997 e até 3 de Julho de 1998 os mercados foram reabilitados e modernizados, juntamente com a zona envolvente, num projecto implementado pela Câmara Municipal de forma a reorganizar funcionalmente os mercados, redistribuindo as áreas de serviços, as bancas de venda e áreas comerciais por exemplo. Também se recuperou o sistema estrutural e construtivo e modernizaram-se as instalações técnicas e os equipamentos, utilizando novos materiais ajustados às características dos edifícios e às modernas tecnologias de apoio às actividades comerciais. A recuperação dos mercados de Olhão realizou-se devido à falta de condições higiénicas, sanitárias e estruturais. São imóveis de grande interesse arquitectónico e verdadeiros ex-libris da marginal de Olhão. |
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Fonte:
Jubilot, Andreia - Guia Arquitectónico de Olhão - mimeografado, Universidade do Algarve, 2004
Processo de classificação relativo aos Mercados, proposto ao IPPAR em Outubro de 2006, da autoria da APOS.
Blogue "O Bate-Estacas"