|
Visitar Quelfes !!
O verde das figueiras e das vinhas envolve esta aldeia que, nas ruas em torno da igreja, ainda conserva casas de paredes brancas e chaminés rendilhadas.
O lugar de Quelfes pertenceu à Freguesia de S. Pedro de Faro mas sabe-se que em 1518(1) já era freguesia autónoma com capela e capelão privativo, sinal que os seus moradores já eram em número significativo. Por outro lado, a influência gótica da porta lateral da Igreja Matriz, que foi edificada sobre a anterior capela, significa que esta é também anterior ao séc. XVI. Igreja Matriz A sua origem antiga é denunciada pela porta lateral gótica. O portal principal, em estilo renascença (séc. XVI) é muito singelo. Interior amplo, com três naves. Na capela-mor, um arco do período de transição manuelino para a renascença, decorado com cachos de uvas e parras, uma abóbada nervurada com florões (séc. XVI). Imagens do séc. XVIII. |
Originalmente Quelfes mas já era freguesia autónoma por volta de 1518. Realça-se que nessa época, Olhão era um pequeno povoado que também estava incluído na freguesia de Quelfes (só em 1695 Olhão iria formar uma freguesia autónoma). Finalmente, em 1826 tanto a freguesia de Quelfes como a freguesia de Olhão deixaram de pertencer ao Termo (Concelho) de Faro, atendendo à criação do Termo de Olhão, ao qual passaram a pertencer.
Embora a aldeia de Quelfes seja muito pequena, a sua freguesia actualmente abarca uma área que inclui uma parte da própria cidade de Olhão e a ilha da Armona.
Nas proximidades, a Ponte Velha, uma ponte de origem romana reconstruída por diversas vezes onde, em 18 de Junho de 1808, as tropas napoleónicas foram derrotadas num combate, o que constituiu o ponto de partida para a sublevação geral em todo o Algarve. Esta ponte é hoje (2007) o único edifício classificado como de interesse público no Concelho de Olhão. Chamamos a atenção de uma nota histórica retirada do site do IPPAR, sobre esta ponte:
Sobre a ribeira de Quelfes [que também poderá ser chamada de Marim, por ser onde desagua], numa zona interior do Sotavento algarvio e em local rural hoje pontuado por minifúndios ribeirinhos, a ponte de Quelfes é uma das mais importantes estruturas viárias de época romana, que chegaram até hoje, nesta secção oriental do território algarvio. A sua função original, no quadro viário da época, está, todavia, documentada pela manutenção de outras pontes coevas, casos da de Tôr, da de Retorta, da do Álamo e da ponte velha de Montemor, estruturas que provam uma intensa romanização do actual concelho de Olhão.
A sua construção remonta ao século I d. C. e resulta do processo de instalação de populações vinculadas à autoridade e civilização romana. Monumento excepcional no contexto regional, a sua estrutura é relativamente modesta, fazendo crer que se tratava de uma ponte de passagem numa estrada secundária de ligação a eventuais uillas agrárias e privadas. De arco único de volta perfeita, na actualidade definindo uma curvatura levemente abatida e ultrapassada, possui dupla rampa ascendente, com ponto máximo de elevação sobre o eixo vertical do arco. Este, é composto, na sua parte inferior, por grandes silhares de pedra bem aparelhada, salientes nos pés-direitos. Nas imediações, e ligando-se à ponte, subsistem ainda estruturas de escoamento das águas, que Fernandes Mascarenhas catalogou de época romana (MASCARENHAS, 1974, p.21).
Estes dados, a que se junta o abundante material romano recolhido na zona - designadamente um fragmento de inscrição de carácter religioso (IDEM, p.22) -, fez com que a maioria dos investigadores considerassem estar perante uma obra plenamente romana. A verdade é que existem indícios suficientes para considerar ter existido uma campanha construtiva posterior, de cronologia medieval. A dupla rampa ascendente é uma característica que aponta para essa realidade, assim como a curvatura levemente ultrapassada do arco, algumas secções de aparelho não-isódomo (recorrendo a cotovelos e a pedra de menor qualidade nas partes superiores) e outros indícios de povoamento islâmico na zona. E algumas modificações no traçado viário de época romana do Algarve estão documentadas para o período muçulmano (MANTAS,1997, p.320). Em todo o caso, falta ainda efectuar-se um estudo rigoroso deste monumento, que poderá passar, também, por uma intervenção de carácter arqueológico e de identificação da sua estratigrafia murária.
Muitos séculos depois, a 18 de Junho de 1808, a velha ponte adquiriu um carácter emblemático para a população local, uma vez que foi nas suas imediações que se travou a batalha entre os habitantes de Olhão e Moncarapacho e as tropas francesas. Estas, bateram em retirada e foram perseguidas até ao sítio da meia-légua, na planície ribeirinha entre Faro e Olhão. Em 1989, no contexto das comemorações das revoltas olhanenses contra as forças napoleónicas, foi colocada uma placa comemorativa da batalha, transformando este marco da história local num monumento-memória à própria génese da cidade de Olhão "da Restauração" (...)
PAF
A ponte foi restaurada recentemente (2005).
(1) Em 1518, houve uma visita da Ordem de Santiago à capela de Quelfes que atesta estas informações.