bulletHistória
bulletCostumes
bulletRecursos
bulletEventos
bulletLinks



VOLTAR À PÁGINA INICIAL

bullet Olhão
bulletFuseta
bulletMoncarapacho
bulletPechão
bulletQuelfes

Visitar a Fuseta !!

A Fuseta, segundo os relatos históricos mais antigos datados de 1572, era conhecida por “Fozeta” (diminutivo de foz) o que teria tido origem no facto de ali desaguar um ribeiro chamado “ribeiro do tronco”. É descrito como um sítio que pouco a pouco se foi desenvolvendo e aumentando em população até constituir um lugar. Desconhece-se a data em que ali se terá começado a constituir um aglomerado populacional. De início apenas existiam algumas cabanas que serviam para guardar utensílios das armações de pesca que se lançavam naquele local. Aliás, em 1541 há referências a um Sítio das Cabanas, que depois se uniria ao Sítio dos Moinhos, para formar a Fuseta.

Na época das Descobertas, perto destas paragens (actual sítio da Jordana) os irmãos Corte-Real, que descobriram e desapareceram misteriosamente na Terra Nova (Gronelândia e Canadá) em 1500, tiveram um solar, e provavelmente aqui aprenderam e levaram muitos pescadores nas suas caravelas.

A verdade é que a população da Fuseta foi desde sempre muito ligada ao mar e no séc. XX distinguiu-se na epopeia do pesca do bacalhau, precisamente na mesma Terra Nova. Era na Fuseta que se recrutavam os melhores pescadores do País! As condições de vida nestes mares gélidos eram duríssimas e todos os anos alguns não regressavam, ou porque  dóri (pequena embarcação individual) afundava  ou porque o nevoeiro impenetrável o impedia para sempre de regressar ao barco mãe!

No ano de 1758 já havia na Fuseta uma capela erigida em honra de Nossa Senhora do Carmo, contudo a nova Igreja Matriz só foi erigida em 1835.

A atividade principal desta Vila continua a ser a pesca e os seus derivados, despontando actualmente o turismo, devido à praia, à proximidade da Ilha da Armona-Fuseta e ao Parque de Campismo que acolhe centenas de visitantes no Verão (veja fotografia panorâmica de 270º desta zona).

Terra de pescadores, ainda conserva muitas das suas casas de forma cúbica, rematadas por terraços - as açoteias - de onde despontam as curiosas chaminés de balão, características desta zona do Algarve.

A Igreja Matriz guarda algumas boas imagens do séc. XVIII. O seu adro é um miradouro sobre a vila, com vastos horizontes da Ria e do mar.

ig_fuz_escada.jpg (124037 bytes)
O porto de pesca, colorido pelos barcos, assim como a praia e toda a zona ribeirinha, cuja recuperação ambiental foi recentemente premiada, são visitas obrigatórias.

Existem ligações regulares por barco para a ilha da Fuseta-Armona.

O passeio  pode prosseguir até aos rectângulos espelhados das salinas, as ruínas das atalaias de Torre de Bias, Cumeada e Alfanxina, paralelas à Ria Formosa e ao mar, às nascentes de água dos Olheiros, a norte da Vila, a que se atribuem virtudes medicinais.

fuz_cais.jpg (167546 bytes)

torrebias.jpg (89210 bytes)Na fotografia ao lado, vemos a Torre de Bias. Caso queira ter uma vista panorâmica de 180º da paisagem captada do local desta Torre, clique aqui.

Algumas destas torres poderão ter tido origem islâmica, outras terão sido construídas após a reconquista cristã para vigiarem a costa contra os ataques de piratas provavelmente até ao séc. XVIII. Em 1841, João Baptista Silva Lopes refere na sua "Corografia ou memória económica, estatística e topográfica do Reino do Algarve" que todas estas torres encontravam-se já em ruínas.

Chamamos a atenção de uma nota histórica retirada do site do IPPAR, sobre esta torre:

Num planalto sobranceiro à ria, com privilegiada visibilidade sobre as ilhas-barreira da Fuzeta e da Armona, a Torre de Bias é um dos monumentos que melhor espelha o que foi a linha de defesa e de vigia da costa oriental do antigo concelho de Faro, ao longo das Idades Média e Moderna. Uma linha de estruturas modestas (a maior parte desaparecida, ou em vias de desaparecer), cuja maior concentração se encontra, actualmente, no território de Olhão.
Variam muito as opiniões acerca do momento específico de constituição desta linha de torres, mas é certo que uma significativa parte delas remonta à Baixa Idade Média, na sequência da organização populacional e administrativa dos primeiros monarcas portugueses do antigo reino do Algarve. Confrontadas as regiões ribeirinhas com os constantes ataques muçulmanos, a necessidade de se efetivar a segurança das populações determinou a ereção destas estruturas, cujo carácter essencialmente de vigia está bem espelhado na relativa modéstia dos seus programas construtivos. Em todo o caso, o recurso a este modelo foi uma solução de certo sucesso, pois são ainda visíveis, um pouco por toda a costa meridional, de Tavira a Lagos, torres circulares e quadrangulares, de sistema construtivo e aspecto geral muito parecidos.
A torre de Bias parece ter surgido num momento já tardio, embora se possa equacionar a pré-existência de uma estrutura militar de ascendência medieval, de que nada restou. Uma inscrição identificada no local, mas infelizmente desaparecida, (a que se associava uma representação das armas reais) continha a data de 1549 e uma alusão ao rei "JOANNES III", indicação clara quanto à existência de uma campanha de obras nesta altura, responsável pela edificação (ou substancial transformação) da torre.
Datável, assim, do tempo maneirista, o que hoje podemos observar é estilisticamente incaracterístico. De planta simples circular e aparelho não-isódomo (recorrendo a silhares de pequena dimensão ligados por amplas argamassas e cotovelos), a torre possuía a entrada principal a Norte. Infelizmente, o estado de grande degradação a que chegou, impossibilita a correcta identificação de pisos. Embora existam ainda linhas de cornijamento pelas paredes, a verdade é que é impossível perceber a organização vertical da estrutura, bem como a configuração dos pavimentos e, logicamente, a forma da cobertura. A parte Sul é a melhor conservada, com uma secção de parede que se eleva a mais de 7 metros de altura, mas o interior, por exemplo, encontra-se totalmente entulhado, a uma altura de praticamente 5 metros.
Os últimos dois séculos foram particularmente gravosos para esta torre. Em 1841, sabemos que já se encontrava em ruínas, fruto certamente da radical alteração dos dispositivos de defesa da costa, que passaram a adoptar um carácter mais activo que passivo. Sem qualquer plano de intervenção ao longo dos anos, chegou até hoje em estado de quase-ruína. Paralelamente, o erro de legendagem das fotografias publicadas por João de Almeida (1948), levou à confusão desta torre com outras nas redondezas, o que não facilitou a sua correcta identificação e atenção por parte dos (poucos) investigadores que se dedicaram a estas notáveis estruturas de valor mais local que, propriamente, nacional.
Todavia, permanece como um dos mais importantes testemunhos de vigia-defesa da costa, a par das torres de Alfanxia, Quelfes, Marim e Amoreira, todas elas no actual concelho de Olhão. Relativamente perto, a cerca de 1 Km para Ocidente, é ainda possível identificar os restos de uma segunda torre, sobranceira ao Canal da Regueira dos Barcos, cuja construção pode mesmo recuar à época islâmica, uma vez que a prospecção aqui efectuada identificou algum material deste período (SILVA, 1997-98).
PAF.