Réplica do caíque Bom Sucesso atracado junto aos Mercados Municipais.
Os caíques eram embarcações de pesca, transporte e comércio, usados essencialmente na pesca do alto onde usavam aparelhos de linhas e anzóis. Tinham linhas finas e alongadas, 18 a 20m comprimento, 5,5m de largura e tonelagem de cerca de 30 T, proa alta e popa rasa, convés corrido com 3 escotilhas a meio. Armavam 2 velas de bastardo ou latinas, em 2 mastros colocados em 2 direcções opostas: um para vante e outro mais curto para ré. Consoante os ventos usavam ainda outras velas como a polaca, a cachapana, o cachamarim e a traquetina. Quando não havia vento era possível mover-se com a ajuda de três pares de remos. A tripulação poderia ir até 35 homens e 1 ou 2 cães de água que eram usados para procurar o peixe que se desferrava dos anzóis.
A réplica do caíque Bom Sucesso serve actualmente para visitas turísticas e de estudo.
O rei D. João VI (1767-1826), então refugiado no Brasil, recebeu a boa nova da expulsão dos franceses através de um punhado de dezassete olhanenses que se meteram ao mar a bordo do caíque Bom Sucesso, numa viagem heróica, orientados apenas pelas estrelas, as correntes marítimas e um mapa rudimentar! Esta viagem decorreu entre 6 de Julho e 22 de Setembro de 1808 (cerca de dois meses e meio). Estes homens tiveram de lutar contra o mar, as más condições de habitabilidade da embarcação, fugir da Armada Francesa, dos piratas, da fome e da sede.
O caíque foi comandado pelo Mestre Manuel Martins Garrocho e pilotado por Manuel Oliveira Nobre, tendo sido tripulantes António da Cruz Charrão, António Pereira Gémeo, António dos Santos Palma, Domingos do Ó Borrego, Domingos de Sousa, Francisco Lourenço, João Domingos Lopes, João do Moinho, Joaquim do Ó, Joaquim Ribeiro, José da Cruz, José da Cruz Charrão, José Pires, Manuel de Oliveira e Pedro Nínil. Foi também tripulante o aprendiz de piloto Francisco Domingos Machado, que os acompanhou após uma curta paragem na Madeira.