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Exmo Sr.
Presidente
da Câmara Municipal de Olhão
Eng. Francisco Leal
Largo Sebastião Martins Mestre
8700-349 Olhão
Assunto: enunciação de alguns problemas no Concelho de Olhão.
Relativamente ao assunto mencionado em epígrafe, e no seguimento das actividades de cidadania que queremos que seja característica da APOS, vimos por este meio enunciar a V. Exa. alguns problemas que têm sido detectados pelos nossos sócios.
A presente enunciação destes problemas (que, infelizmente, não serão os únicos existentes) servirá para vossa reflexão, estando sempre a APOS disponível para colaborar com a CMO na sua resolução:
1º - Ausência de rentabilização do caíque Bom Sucesso.
O Caíque Bom Sucesso, actualmente exposto entre os dois Mercados Municipais, foi um investimento vultuoso que a CMO fez em “património”, e que a nossa Associação só tem que aplaudir.
No entanto, para que este investimento seja efectivamente rentabilizado será importante que a imagem do Caíque se associe, tal como todos queremos, a Olhão. Para isso é fundamental que os forasteiros percebam a relação que há entre o caíque e a nossa terra.
Daí que é fundamental que a CMO ponha no local uma simples tabuleta explicativa do significado do Caíque, em português e, pelo menos, em inglês.
Será também importante que esteja disponível informação sobre como passear no caíque. Esta informação não existe nem no local, nem na página da Internet da Câmara!
Por outro lado, é lamentável que o caíque não possa ser visitado de forma aberta (embora sempre com um vigilante) e esteja afastado do público ostensivamente.
Pelo menos no Verão, deveria ser tentada a experiência de pôr um funcionário a atender os turistas e possibilitar-lhes uma visita ao interior.
Também deveria ser equacionada a possibilidade de fazer aparecer o caíque em regatas para atrair turistas. Se o caíque aparecesse nas regatas que partem de Portimão, Vilamoura, Tavira e Espanha, seria um chamamento poderoso para o turismo em Olhão.
Finalmente, seria importante aproveitar a disponibilidade da Associação Nacional de Cruzeiros para organizar uma regata de vela com o caíque ao Brasil, no ano de 2008, em homenagem à viagem efectuada pelos marítimos olhanenses em 1808.
2º - Estacionamento na zona ribeirinha dos Mercados.
Após a valorização que a CMO fez da zona ribeirinha junto aos Mercados há cerca de 8 anos, houve efectivamente uma revitalização desta área que alguns nunca acreditaram ser possível.
Esta zona e os próprios Mercados tornaram-se um ex-líbris de Olhão que atrai milhares de turistas, os quais animam o comércio e o sector da restauração.
Durante o Verão, a pressão turística é de tal ordem que a CMO impôs limitações ao estacionamento nesta área.
Julgamos que, caso queiramos estimular ainda mais o turismo, e a consequente animação do comércio em Olhão, será importantíssimo alargar as mesmas restrições de estacionamento a outros períodos, pelo que aqui deixamos esta reflexão.
3º - Mercado de Velharias em Quelfes.
Este mercado que sempre ocorreu no último domingo do mês, junto à DocaPesca, foi transferido há cerca de um ano para Quelfes.
Após um ano de experimentação é agora bastante claro que a mudança prejudicou o evento que se tornou muito mais pobre.
Em nome do interesse dos vendedores, dos compradores e do Concelho, parece-nos razoável admitir agora que a mudança ocorrida há cerca de um ano não resultou, e não serve os interesses do bem público.
4º - Feira do Livro no Jardim Pescador Olhanense.
A primeira Feira do Livro, ocorrida em Olhão em 2003, na Avenida da República, foi indubitavelmente a que teve maior sucesso.
As Feiras seguintes ocorreram no Jardim Pescador Olhanense sempre com pouco sucesso atendendo não se tratar de um local de passagem central, como é a Avenida.
Esta situação repete-se desde 2004 sendo claro actualmente que foi uma má opção para a Feira, os vendedores e os olhanenses.
Chama-se ainda a atenção que a Avenida da República é um local nobre da cidade que não deve ser desprezado, sobretudo quando a experiência comprova ser a melhor opção.
5º - Grafittis nas paredes.
Os grafittis são uma preocupação crescente para muitos olhanenses.
Trata-se de uma actividade difícil de combater, e que alia o vandalismo ao impulso positivo da expressão artística, por vezes de grande qualidade.
Sendo uma actividade com causas e condicionamentos complexos exigem diversas soluções complementares nomeadamente:
Actividades de enquadramento artístico para os seus autores de forma a afastá-los da marginalidade (organização de concursos em locais apropriados, definição de locais próprios para grafittis, colocação de placards próprios, etc.); | |
Actividades policiais que deverão ser lideradas pela própria autarquia e não pelos proprietários dos imóveis vandalizados. |
6º - A construção de planos de pormenor urbanísticos
A cidade de Olhão foi outrora apelidada de “cubista” devido ao seu património urbanístico único.
Este património é um bem a rentabilizar do ponto de vista turístico.
Sendo um património único, caso seja correctamente “vendido”, poderá criar muitos postos de trabalho sobretudo na área da restauração, do comércio e da hotelaria, numa terra onde outras áreas económicas tradicionais, como a pesca, não oferecem futuro.
Infelizmente, a nossa cidade "cubista", sendo única do ponto de vista urbanístico, é também cidade única no Algarve, por não ter planos de salvaguarda do seu património.
Evidentemente, cabe à Autarquia elaborar tais planos, com ou sem o apoio dum Gabinete Técnico Local.
Sabemos que a Autarquia se está esforçando por isso, mas os atrasos têm já vários anos, e Olhão não pode continuar à espera.
É urgente definir um prazo e, eventualmente, caso se reconheça a incapacidade para fazer o trabalho com os recursos próprios, criar, por exemplo, um Gabinete Técnico Local com os financiamentos existentes da própria União Europeia.
7º O Chalet Vitória Saias
O Chalet Vitória Saias foi um ex-libris de Olhão que nos últimos 25 anos tem associado a sua imagem de degradação à imagem infeliz que os milhares de automobilistas da EN 125 fazem de Olhão.
Urge estancar esta imagem de desleixo que imóveis bem visíveis como este dão a Olhão.
De acordo com as informações da própria CMO, o restauro deste imóvel custará cerca de 500.000 €.
Se para além do restauro, nada mais estiver projectado para o futuro do edifício a não ser o reinício de mais uma dolorosa deterioração, então não valerá a pena tal gasto.
Mas se houver imaginação para reutilizar este edifício no local, ou simplesmente se for possível reconstrui-lo noutro local com novas funções, outros espaços interiores, eventualmente associado ao futuro museu da indústria conserveira, então talvez já valha a pena o investimento…
A APOS, como sempre, disponibiliza-se para ajudar ou complementar qualquer esforço da autarquia, sendo aliás esta carta, uma forma de contribuir para isso.
Caso V. Exas. nada tenham a obstar, gostaríamos ainda de fazer a divulgação pública desta carta, de forma a fomentar a reflexão e discussão pública destes assuntos. Acreditamos que só com a discussão pública destes assuntos, poderá a autarquia ter o apoio desejável para cumprir os seus desideratos.
Olhão, 5 de Abril de 2007
(António Paula Brito de Pina)
Presidente da Direcção da APOS