(TRADUÇãO do espanhol)
DOC. 432
Carta do Marquês de Carrión a
José Lopes de Sousa e Sebastião Martins Mestre
(18 de Junho de 1808) [1]
A deplorável situação em que Vossas Senhorias se encontram e nos manifestaram na data de ontem não podia deixar de penetrar nos nossos corações com o sentimento mais vivo, do qual não poderemos desprender-nos tão facilmente, pois [essa deplorável situação] será aumentada em sumo grau, devido à impossibilidade de poder-lhe socorrer com armas (por não tê-las), e com tropas (por carecer de ordens para tal). Se estas ou aquelas chegarem prontamente, segundo esperamos, não perderemos um momento para passar-lhe a notícia de Vossas Senhorias para a sua inteligência, assegurando-lhe que o plausível objecto a que se dirigem os seus desejos merece-nos o maior conceito; que por nossa parte cooperaríamos com prazer, desde que as nossas forças o permitam, e se não ficarem perturbados pelas causas que agora vão manifestas.
Deus guarde Vossas Senhorias muitos anos.
Ayamonte, dezoito de Junho de mil oitocentos e oito.
O Marquês de Carrión
[1] Segundo este documento, no dia 17 teria chegado às mãos do Marquês de Carrión uma carta ou ofício, enviado por José Lopes de Sousa e Sebastião Martins Mestre, descrevendo as dificuldades com que estes se encontravam para sustarem a revolta olhanense. Pelos motivos aqui expressos, o Marquês de Carrión vê-se impossibilitado de satisfazer os pedidos de ajuda rogados.
É possível que esta carta tenha chegado a Olhão ainda no dia 18, e assim a resposta desfavorável do Marquês de Carrión teria sido precisamente o motivo pelo qual José Lopes de Sousa e Sebastião Martins Mestre (este último ferido) embarcaram para Ayamonte (onde desembarcaram os militares franceses que tinham feito prisioneiros nos confrontos em Olhão e arredores), e daí para Sevilha, onde conseguiram mais armas e munições, alguns dias mais tarde. Apesar de entretanto todo o Algarve ter acabado por expulsar os franceses, tal armamento ainda foi utilizado nas campanhas de expulsão dos franceses do Alentejo.
Transcrição, tradução e anotações de Edgar Cavaco