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Associação de Valorização do Património Cultural e Ambiental de Olhão

OLHÃO PARA O CIDADÃO

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Vamos salvar a Casa Baeta?

 A APOS (Associação de Valorização do Património Cultural e Ambiental de Olhão) tomou conhecimento que a casa Baeta, edifício com os nºs 70 a 82, na Avenida Bernardino da Silva, em Olhão, onde se situava a Galeria Adriano Baptista, se encontrava em perigo de demolição.

Tratando-se de um edifício com obras de Jorge Colaço e com diversos motivos ligados à História de Olhão, devido ao seu valor patrimonial, elaborámos a proposta de abertura de um processo de classificação patrimonial, que impediria a sua demolição, e que propusemos ao IPPAR (Instituto Português do Património Arquitectónico).

Veio o IPPAR responder-nos, que o edifício em causa poderá ser classificado como tendo interesse municipal, devendo o processo de classificação ser concluído pela Câmara Municipal de Olhão.

Tratando-se de um edifício que tem obviamente interesse municipal, a APOS enviou à autarquia toda a documentação e disponibilizou-se para prestar todo o apoio necessário, sendo certo que os serviços regionais do IPPAR também estarão disponíveis para dar o seu apoio à Câmara Municipal.

Chamamos a atenção que o autor dos vários painéis de azulejo da Casa Baeta - Jorge Colaço (1868-1942) - foi um pintor português que se destacou na caricatura, na pintura e no azulejo, aqui com capacidades inovadoras de processos e de técnicas.

Está representado com grandes painéis de azulejo em muitos edifícios públicos nacionais, do seu tempo, nomeadamente na Estação de São Bento (Porto), Pavilhão dos Desportos (Lisboa) e muitos outros e, no estrangeiro, no Palácio de Windsor (uma das principais residência da Família Real Britânica), no antigo palácio da Sociedade das Nações em Genebra, em Buenos Aires, em Cuba, no Brasil, etc..

Curiosamente eram também de Jorge Colaço os painéis de azulejo do Jardim João Serra, que foram irresponsavelmente destruídos por um Presidente da Câmara do Estado Novo, aquando da construção do Palácio de Justiça (inaugurado em 1963).

Mas a Casa Baeta não é só interessante pela autoria dos azulejos, é-o também pelos motivos dos azulejos: neles se retratam a História de Olhão (a viagem do caíque ao Brasil), e a base social e económica de Olhão, ou seja, as pescas e a indústria conserveira.

A Casa Baeta tinha também, até finais do ano passado 4 esferas armilares no telhado que representavam a diáspora marítima olhanense (aliás a esfera armilar figurava na bandeira olhanense da época). Infelizmente, estas esferas foram demolidas no início de 2007, sem qualquer aviso de alvará camarário exposto e, portanto, ilegalmente, com grande susto para quem se encontrava no seu interior!

Para muitos olhanenses, a Casa Baeta é um hino a Olhão e deverá ser preservada, cabendo aqui uma citação de John Ruskin:

 

Os edifícios antigos não nos pertencem. Em parte são propriedade daqueles que os construíram, em parte das gerações que estão por vir. Os mortos ainda têm direitos sobre eles. Aquilo por que se empenharam não cabe a nós tomar.

 

Para a actual família Baeta, a sua casa é seguramente um motivo de orgulho, não só por ser uma construção de um seu antepassado, rara a nível nacional e única em Olhão, como por ter também um friso de azulejos do mesmo Jorge Colaço a homenagear duas meninas, suas antepassadas. Trata-se por isso de um legado extraordinário dos que os antecederam.

 

APOS

(Associação de Valorização do Património Cultural e Ambiental de Olhão)

Nota: artigo saído no Olhanense de dia 1 de Outubro 2007.