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Alfândega

 

A Alfândega foi criada a 28 de Junho de 1842 e funcionou até 1962, no gaveto da Praça Joaquim Lopes com a Avenida 5 de Outubro e a Rua Alexandre Herculano, altura em que se transferiu para a Avenida 16 de Junho. 

O edifício da Alfândega é caracterizado por uma planta regular com acentuada horizontalidade, cobertura com dois telhados de duas águas e com chaminés. A fachada principal possui alguns elementos arquitectónicos interessantes que o distinguem dos demais edifícios, como é o caso dos pisos com vãos diversificados e um frontão decorado por cima da platibanda. Os vãos são estreitos, em forma de arco quebrado no primeiro andar e rectangulares no rés-do-chão, figurando sete janelas na fachada principal que teriam todas sacadas de ferro forjado. As janelas eram de madeira pintada de branco e vidro e as portas de madeira pintada de castanho.

Foi modificado nas portas exteriores pois já tem algumas de alumínio e vidro e também algumas janelas já não têm sacadas.

Na fachada deste edifício existe actualmente uma placa do partido socialista, atendendo agora ser utilizado como sede local deste partido.

 

Chamamos a atenção de uma nota histórica retirada do site do IPPAR, sobre este edifício que está actualmente em vias de classificação:

Na praça principal do núcleo antigo da cidade, com acesso directo para a antiga praia de pescadores (hoje ocupada pelos mercados municipais e por espaços ajardinados), o edifício da Alfândega do porto de Olhão é um dos imóveis que melhor documenta o passado e a origem dos olhanenses, instituindo-se como marco de referência obrigatória na memória da actual cidade.
A sua construção não é muito recuada, se tivermos em conta que a génese piscatória da localidade lhe é muito anterior. Com efeito, a alfândega só foi criada a 28 de Junho de 1842, datando dos anos imediatamente seguintes a edificação do imóvel.
De arquitectura claramente oitocentista e eclética, o imóvel possui a fachada principal virada a poente (e não para a praia) e organiza-se em três corpos, os laterais de dois andares e o central provido de terceiro piso. Estes, conferem ao conjunto um impacto urbanístico assinalável, em que a marca dominante é a simetria, circunstância reforçada pela disposição dos vãos de acesso e de iluminação: sete portas idênticas no primeiro registo, de arco quebrado e equidistantes entre si, número que se repete no andar nobre mas onde estes elementos têm um tratamento mais cuidado, com bandeira do arco composta por grelhas de madeira e gradeamento de ferro. Sobre o segundo piso, corre uma platibanda decorada por métopas que reforça o sentido de linearidade, de simetria e de harmonia do conjunto. O terceiro piso corresponde às três portas centrais do edifício e possui apenas uma janela axial de madeira, cuja configuração repete o esquema quebrado das janelas inferiores.
Infelizmente, o interior da alfândega encontra-se bastante adulterado. Em finais do século XIX, ainda servia de sede da capitania do porto de Olhão, mas as décadas seguintes determinaram o abandono do imóvel por parte das autoridades que o construíram. Na actualidade, aqui funciona um estabelecimento comercial e um armazém (no primeiro piso) e a sede do Partido Socialista local, novas funcionalidades que adulteraram consideravelmente o edifício.
Numa cidade em que a pressão urbanística é constante - como se prova pelo abandono a que foi votada a Vivenda Victoria, uma das mais importantes residências unifamiliares dos princípios do século XX no Sotavento, e pela intensa demolição de casas de arquitectura cubista - a antiga alfândega espera, ainda, um projecto de restauro e de reconversão. Monumento-memória do passado piscatório de Olhão e monumento-referência no núcleo mais antigo da cidade, a necessidade do seu restauro mantém-se como uma evidência para quem por ali passa.
PAF